Plural, agitada, praiana e contemporânea. Junte todos estes predicados a uma cena gastronômica premiada e a uma interessante transformação artística e temos Miami à nossa frente.
Considerada um mosaico pan-americano com suas influências latinas, a cidade de mais de 450 milénio habitantes no estado da Flórida é uma das preferidas de muitos brasileiros nos Estados Unidos há bastante tempo. Além das famosas compras nos grandes shoppings e outlets da região, Miami carrega em si um roteiro multicultural extremamente pujante.
O interessante é que a passagem do CNN Viagem & Gastronomia pelos EUA na terceira temporada do programa contemplou duas cidades que dialogam em termos de riqueza cultural e culinária: Novidade Orleans, uma cidade que queria muito saber e deslindar junto dos telespectadores; e Miami, direcção que já conhecia – e sigo conhecendo – e que está entre as minhas prediletas do mundo.
E o que a torna privativo? Justamente esta fusão de culturas latinas e americanas, que nos convida a degustá-la com calma. As casinhas dos salva-vidas, as gaivotas na areia e o mar azul turquesa ao fundo enquadram uma imagem clássica de Miami Beach, mas a cidade uma vez que um todo vai muito outrossim.
Miami tem pretérito por uma renovação cultural e artística, além de gastronômica, e muitos artistas escolhem a cidade para viver e expor sua arte. Galerias, núcleos culturais, feiras de arte e até muros com intervenções pipocam por diversos cantos daqui, formando um terreno fértil para o campo das artes.
Digo também que Miami detém os melhores restaurantes dos EUA: dá para fazer um roteiro só de casas asiáticas, chinesas, japonesas, mexicanas, entre tantas outras cozinhas fascinantes. Que tal uma Miami que fuja um pouco do óbvio?
A missão foi fazer um contraponto de lugares “escondidos” que adoro ir e a apresentação de uma subida gastronomia – e também não tão subida assim, com restaurantes mais familiares e afetivos.
Percorrendo os bairros, mormente Little Havana e Design District, o que fiz foi uma introdução do que acho bacana e imperdível na cidade, uma forma de instigar a deslindar outros lados de Miami em sua próxima viagem. Venha comigo e aproveite!
Little Havana
A pluralidade de Miami também se traduz em suas redondezas. E, com uma grande quantidade de latinos que se mudaram para a cidade e acabaram por ressoar suas raízes, não é de se espantar que uma das maiores comunidades seja de cubanos.
Durante a dezena de 1960, resumidamente, os Estados Unidos receberam a maior quantidade de cubanos no país da história. O resultado é que, hoje, Miami tem uma das maiores comunidades de cubanos fora da própria Cuba – para se ter uma teoria, Havana fica a mais ou menos 200 km de intervalo de Miami.
É uma verdadeira invenção cultural e saborosa passar o dia por cá: é uma região para tomar um bom mojito, reprofundar um pouco na cultura cubana e da América Mediano e escutar músicas típicas.
A mais famosa das vias é a Calle Ocho, a sudoeste da 8th Street, onde acontece o Calle Ocho Music Festival anualmente – solenidade que culmina no Carnaval da cidade e chega a receber mais de 1 milhão de pessoas.
Coração do bairro, a Calle Ocho nos oferece vislumbres da cultura cubana com suas construções art déco, parques públicos, restaurantes, bares e lojas de charutos muito características. Não é difícil encontrarmos vários muros grafitados e pintados com dizeres referentes à Cuba, uma vez que “Cuba Libre”, “Havana” e corações com a bandeira do país.
Uma vez cá, vale dar uma passadinha no tradicional Domino Park, icônico entre os turistas e moradores por concentrar idosos latinos jogando dominó e papeando sobre as principais manchetes do dia.
Por cá também fica a Calle Ocho Walk of Fame, espécie de Passeio da Glória – mas na sua versão latino-americana. Atores, escritores, artistas e músicos possuem estrelas com seus nomes na lajeada – uma das mais famosas é a da cantora e atriz mexicana Thalía.
Não deixe de entrar em uma loja de charutos, um dos símbolos cubanos. Na Calle Ocho, entrei na Federico Empire Cigar Boutique and Factory, que comercializa e enrola o tabaco em nossa frente. É interessante ver de perto uma vez que eles fazem os próprios charutos manualmente – com a ajuda dos funcionários, tentei fazer meu próprio charuto, enrolando o tabaco e depois cortando a ponta com auxílio de um objeto cortante.
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Daniela Filomeno na Calle Ocho, coração do bairro cubano Little Havana
Crédito: CNN Viagem & Gastronomia -
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Domino Park é onde idosos locais se reúnem para jogar dominó e papear sobre as principais manchetes do dia
Crédito: CNN Viagem & Gastronomia -
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Pausa na programação cubana no bairro é no Lung Yai, que oferece delícias da culinária tailandesa
Crédito: Daniela Filomeno -
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Copos de mojitos enfileirados para serem preparados ao mesmo tempo no Old’s Havana, bar típico da Calle Ocho
Crédito: Daniela Filomeno
E falando de sabores e aromas, que tal uma paragem para manducar? Evidente que restaurantes cubanos são a espírito da região, mas minha sugestão cá é dissemelhante, já que estamos falando de misturas culturais: aposte almoçar no Lung Yai Thai Tapas, pequeno restaurante tailandês que tem fileira na porta e uma comida incomparável feita por locais.
Baseada na tradicional comida de rua do país asiático, o sítio serve iguarias típicas de dar chuva na boca antes mesmo dos pratos chegarem à mesa. Minha sugestão cá é: peça um pouco de tudo.
Tem pad thai (US$ 13), arroz frito com caranguejo azul (US$ 15), pato crocante com manjericão (US$ 21), mix de legumes da estação (US$ 13) e uma salada de mamão virente (US$ 11) com tomate, mendubi e vagem com molho de limão no estilo tailandês que é de manducar rezando – só experimentei uma salada parecida na própria Tailândia.
E o interessante é que o esquema é um pouco dissemelhante do qual estamos acostumados. Você chega na porta, escreve seu nome numa planilha de papel e aguarda uma mesa. Uma vez sentados, a política da vivenda é o “one time order”, ou seja, temos de pedir todos os pratos de uma única vez – caso contrário temos de voltar para fileira novamente.
Deixando a cultura tailandesa um pouco de lado e voltando às raízes cubanas, uma das casas mais amadas da Calle Ocho é a Sanguich, que possui somente cinco sanduíches no cardápio. Os pães e os recheios são caseiros e a mostarda da vivenda é um dos grandes sucessos do sítio. São somente 25 lugares e uma decoração que nos leva diretamente a uma velha Havana, com ladrilhos coloridos.
E se estiver em uma estação de intenso calor em Miami, zero melhor do que um sorvete para adoçar a tarde. Depois as refeições, passe na Azucar Ice Cream Company, sorveteria artesanal que nos oferece muro de 100 sabores tropicais, uma vez que “moca con leche”, “plátano maduro” (banana frita) e até rum. Uma delícia detrás da outra!
E uma ótima maneira de inaugurar uma happy hour em Little Havana é, evidente, com um mojito – drinque de origem cubana que combina rum branco com suco de limão e hortelã.
Na mesma Calle Ocho tente o Old’s Havana, bar e restaurante onde podemos testemunhar vários mojitos sendo feitos ao mesmo tempo, e onde os copos ficam enfileirados um ao lado do outro e vão recebendo o álcool necessário. Tal indumento me lembra o Bodeguita del Médio, lendário bar em Havana que já virou até um ponto turístico e é espargido por ser o início do mojito.
Outra paragem famosa entre os bares é o Cafe La Trova, que imprime uma visão da cozinha cubana moderna e traz certa vibração com um recinto ao ar livre – bom atrativo para um degustar um coquetel, fumar um charuto e ou até jogar dominó.
Quer ainda um pouco mais de diversão? Vá ao Ball & Chain, bar destapado em 1935 que carrega em si um espírito latino que remonta a bailes regados a muito ânimo.
São mais de 80 anos de história, que remontam a um tempo onde homens usavam seus melhores chapéus e as mulheres se vestiam com esmero para dançar e saborear mojitos – por que não repetir isso hoje em dia?
Miami Design District
Assim uma vez que em Little Havana, cá é onde a originalidade floresce e onde nossos sentidos se divertem. Mais ao setentrião do bairro cubano, próximo de Wynwood, arquitetura, tendência e gastronomia se juntam no Design District em sua potencialidade máxima para nos deixar com várias impressões, mas uma delas é privativo: a de encantamento.
Em resumo, é uma região que congrega lojas de grifes badaladas, restaurantes premiados e instituições artísticas e culturais a nível mundial.
O bairro foi concebido pelo empreendedor e empresário Craig Robbins, que começou a comprar algumas propriedades por cá e, a partir dos anos 2000, deu o pontapé inicial na revitalização do sítio, dando uma sobrevida ao que ele chamou de uma “Miami esquecida”. Deu patente. Hoje, o Design District possui mais de 130 espaços que abraçam os campos da arte, da cultura, da gastronomia e das compras.
Andejar por cá já é por si só um passeio e tanto. Além de opulentas, as grandes grifes seguem o código do bairro e possuem intervenções artísticas periódicas que pedem muitas fotos – isso quando a própria arquitetura das lojas já é digna de contemplação. Obras de arte públicas também ficam espalhadas pelas ruas e centros comerciais.
Uma das principais instituições artísticas que vale a visitante é o Institute of Contemporary Art Miami (ICA), principal museu do bairro que nos apresenta arte contemporânea de artistas locais emergentes e pouco reconhecidos. Além do montão fixo, exposições e um calendário artístico ansioso ocorrem ao longo do ano.
O bacana é que o museu também possui um espaço extrínseco chamado de Jardim das Esculturas, com trabalhos dispostos ao ar livre. E a cereja do bolo: a ingresso é gratuita o ano todo – entretanto, reservas são recomendadas via site e o sítio não abre na segunda e na terça-feira.
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Daniela Filomeno em meio às lojas do Design District, uma vez que esta da Louis Vuitton que recebe instalações periódicas
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Miami Design District possui construções com arquitetura arrojada e lojas sofisticadas
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Obra de arte e labirinto criado no Design District para comemorar os 100 anos do perfume Chanel N°5
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Salão interno do Aubi & Ramsa, sorveteria somente para maiores de 21 anos
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Pormenor da obra Fly’s Eye na Palm Court, terreiro recheada de lojas e palmeiras
Crédito: Daniela Filomeno
Vale evidenciar que, na mesma 41st Street, rua do ICA, fica uma paradinha gastronômica deliciosa que se enquadra também uma vez que uma experiência. Falo do Aubi & Ramsa, sorveteria com um porém: somente aceita clientes supra de 21 anos. A resposta? Os sorvetes da marca são infusionados com bebidas alcoólicas. É uma vez que uma happy hour dissemelhante.
São vários sabores inspirados em drinques, uma vez que os meus favoritos de chocolate, nozes e gim (a partir de US$ 10) e o de agave dulce de leche (a partir de US$ 9), que leva tequila. Os sorvetes vêm em potes refinados e a lojinha é toda rebuscada, brincando com quadros de arte e o indumento do álcool estar presente no comida.
Para os entusiastas e amantes de arte igual a mim, vale saber também o Locust Projects, uma incubadora que produz e apresenta exposições, programas e projetos. Fundado em 1998 por e para artistas, o sítio respira arte selecção sem fins lucrativos e se firma uma vez que uma pulsante lançadora de artistas em Miami.
E quer ver ainda mais arte? É indispensável estar cá e não visitar uma galeria. Uma das mais renomadas no Design District é a David Castillo, que se destaca por apresentar artistas negros inovadores, assim uma vez que mulheres e artistas queer.
Outro espaço bacana – difícil descobrir um que não seja! – é o Palm Court, uma terreiro ampla e repleta de palmeiras que possui em seu meio uma obra de arte para lá de fotogênica, o Fly’s Eye Dome – um domo que se firmou uma vez que um dos pontos de arte pública mais bacanas do pedaço. Ao seu volta, lojas de luxo completam a aura refinada do sítio.
E, a partir da Palm Court, por um caminho em traço reta batizado de Paseo Point, é verosímil chegar ao Paradise Plaza, sítio de eventos de arquitetura moderna que se transforma facilmente em qualquer ocasião. É cá que fica um dos restaurantes mais emblemáticos da cidade – e um dos meus prediletos.
Falo do L’Atelier de Joël Robuchon, que desembarcou na região em 2019 e agitou a cena gastronômica da cidade. É uma paragem para um jantar delicioso e rebuscado, que nos apresenta um menu-degustação para lá de saboroso e instigante.
Com uma decoração contemporânea e de cor predominantemente vermelha, o balcão de 34 lugares é o melhor lugar para reputar o trabalho duro que a equipe emprega para seguir os passos do Sr. Robuchon – um dos melhores chefs do mundo que foi condecorado com muro de 32 estrelas Michelin ao longo da curso.
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Daniela Filomeno no balcão do L’Atelier Joel Robuchon em Miami
Crédito: CNN Viagem & Gastronomia -
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Caviar e lagosta do Maine, geleia de crustáceos e creme de aipo
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Tamanho com trufa negra
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Vieiras servidas em caldo de coentro, emulsão de coco e lula
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Depois as etapas principais, sobremesa que mais se parece uma obra de arte encerra menu-degustação da vivenda
Crédito: Daniela Filomeno
Assim, não experimentamos uma comida francesa tradicional, mas uma cozinha inventiva com um pouco de influência internacional. Na vivenda, apostei no menu-degustação chamado de “Evolução Gustativa”, uma sequência de sete tempos: seis pratos saborosos e uma sobremesa (US$ 255). É o menu mais popular da vivenda, podendo ser harmonizado com vinhos também.
Na boca, diferentes texturas e sabores que impressionam. Os pratos são lindos, muito montados, com uma apresentação que comemos imediatamente com os olhos. Começamos com amuse-bouche com foie gras real e vinho do Porto.
Lagosta com caviar russo e maçã virente, black cod fresco supermacio e pequena costela de wagyu servida com cogumelos maitake com mousse de alcachofra e purê de batatas são algumas das delícias que se destacaram – e muito – para mim.
Inclusive, a dica é testar o purê de batatas de Robuchon: é sem igual de tão cremoso, e se assemelha a um queijo. Ótima maneira de terminar a noite e comemorar Miami.
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